Pertenço a uma geração de filósofos, de artistas e de activistas (ou então de tolos, drogados e viciados da carne e dos orgulhos egoístas), porque a minha geração não tem as mesmas escolhas. É a geração anterior que nos sustenta, e nos deixa o espaço para divagar, para procurar ser humanos à nossa maneira.
Não sei, sento-me em conversas intermináveis de inteligência talvez inútil, sabe a café, e espero o dia todo que comece algum dialogo a sério, algum dialogo que seja como o roçar de mãos. As mãos não vêem, hoje são os intelectos que se tocam, e as mãos servem somente para agarrar pilas e tocar conas.
Não sei, aprendi a olhar todos os que amo com suspeita, todos os que amo desconfiam de mim, porque o amor faz coisas más. O combate do intelecto surge de um modo desprendido, cada inteligência enriquece a outra.
Existem luvas por cima do que os dedos alcançam.
A morte leva-os a todos ainda antes de morrerem, quero dizer que o tempo os come.
Caminho só. Ainda que estejamos enrolados um no outro na cama mais sedosa. Sinto-me mais só que nunca. E talvez esta seja a altura mais plena da minha vida, agora que só a minha concentração aqui vive, sem alma, sem corpo sequer (o corpo é agora os actos feitos e nunca os sofridos).
Vocês as duas nunca saberão o quanto vos amo, o quanto vos amei sempre. Sei isso porque o mundo é um engano e tudo já passou.
Só porque, com este título...não podia deixar de a colocar aqui:
ResponderEliminarSerá que ainda me resta tempo contigo,
ou já te levam balas de um qualquer inimigo.
Será que soube dar-te tudo o que querias,
ou deixei-me morrer lento, no lento morrer dos dias.
Será que fiz tudo que podia fazer,
ou fui mais um cobarde, não quis ver sofrer.
Será que lá longe ainda o céu é azul,
ou já o negro cinzento confunde Norte com Sul.
Será que a tua pele ainda é macia,
ou é a mão que me treme, sem ardor nem magia.
será que ainda te posso valer,
ou já a noite descobre a dor que encobre o prazer.
Será que é de febre este fogo,
este grito cruel que da lebre faz lobo.
Será que amanhã ainda existe para ti,
ou ao ver-te nos olhos te beijei e morri.
Será que lá fora os carros passam ainda,
ou as estrelas caíram e qualquer sorte é bem-vinda.
Será que a cidade ainda está como dantes
ou cantam fantasmas e bailam gigantes.
Será que o sol se põe do lado do mar,
ou a luz que me agarra é sombra de luar.
Será que as casas cantam e as pedras do chão,
ou calou-se a montanha, rendeu-se o vulcão.
Será que sabes que hoje é Domingo,
ou os dias não passam, são anjos caindo.
Será que me consegues ouvir
ou é tempo que pedes quando tentas sorrir.
Será que sabes que te trago na voz,
que o teu mundo é o meu mundo e foi feito por nós.
Será que te lembras da cor do olhar
quando juntos a noite não quer acabar.
Será que sentes esta mão que te agarra
que te prende com a força do mar contra a barra.
Será que consegues ouvir-me dizer
que te amo tanto quanto noutro dia qualquer.
Eu sei que tu estarás sempre por mim
Não há noite sem dia, nem dia sem fim.
Eu sei que me queres, e me amas também
me desejas agora como nunca ninguém.
Não partas então, não me deixes sozinho
Vou beijar o teu chão e chorar o caminho.
Será,
Será,
Será!
Pedro Abrunhosa - Será
Quanto ao texto em si... É daquelas coisas que não dá, pura e simplesmente, para comentar*
Ainda hoje vinha a recitar esta música no carro.
ResponderEliminarApanhaste-me!
Eu sou bruxa ;)
ResponderEliminarUma bruxa cientista, a humanidade está a evoluir eheh
ResponderEliminarEstá é a caminho da perdição ;)*
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