quarta-feira, 4 de março de 2009

São Borondon






Quando o Atlântico reflecte o Sol,
A ilha de San Borondon
À força de um luminoso lençol
Espreita, nos olhos de Sebastião
Em que, por obra da devassidão
Se perde, e as suas pobres gentes
A nação.

No ancoradouro da sua melancolia
Relembra nos seus erros
O fim da primazia
Com que os ventos escutavam
Ibéricos, as almas uivantes
De glória, orgulho e vitória.

A cruzada, pensa, cedo devia
Haver sido abandonada
E não devia o rei ter havido
Qual jesuíta, e se o rancor
Da fé maldita, não proliferasse
De terror vaidoso, e se apagasse…
A luz, não da razão, nem crença
Mas do amor pelo sangue e região
Lavado tinha os olhos
Das escamas da cegueira
Breve, letal e mui certeira.

De si, de Dom Sebastião,
Não resta outra religião
Senão a hedonística, da ilha
E do amor às coisas da terra
Que, se nos nutre, é sempre santa
Como calor nos dá o fogo
Do sangue e do coração,
Da alma e da razão.

Fita, ele e mais alguns
A península do fim do Reino
E espera que o Mundo passe
E os exércitos se reúnam
Debaixo do seu estandarte.

Não conquistareis terras
Mas por terras conquistados
E guardareis a vida
Contra toda a fé estrangeira
À própria vida
Que é passageira.



* Homenagem seja feita a um homem que ama essa divindade que é a Lusitânia: Klatuu.

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