Longínquo no tempo, Cinderella, uma órfã prostituta foi apadrinhada na casa de uma ilustre rainha, cujo marido, conhecido nas artes libertinas, possuía, bastardas, duas esbeltas filhas, presentes na sua corte de horrores nocturnos (ou deveria dizer... prazeres?). Estas suas irmãs de artifício, penteavam e pintavam a menina como se trabalhassem uma boneca de louça. Vestiam-na de boneca, vestido de boneca, sapatinho de boneca, e instigavam a sua depravação adolescente.
Cedo, a Cinderella, de perícia nos seus afazeres, tornou-se na principal serva sexual da corte.
Uma noite, o Rei, cujo vulto de leviandade se agitava e agigantava no reino, e que esperara pacientemente os avanços na arte por parte da sua filha adoptiva, concedeu-lhe a sua cama. E Cinderella dormia com o rei e com a rainha, sempre exposta aos seus desejos e sem o descanso que é próprio a uma jovem.
Cedo, a rainha, ao lume do ciúme, exilou-a, fazendo do seu ninho de sono o curral. Mas Cinderella tinha um coração suado de bondade, e as suas irmãs continuavam a usufruir dos seus serviços. Cinderella agradava, apesar de suja.
"As tuas roupas parecem-se com culotes menstruados" provocava uma, enquanto as removia, "e a tua cara como um balde de lama" a outra, enquanto a beijava. Então elas comeriam os chocolates e observariam enquanto Cinderella lhes lambia a suculência.
Agora, porque as irmãs, ardentes, desejavam o rei e o poder que vem com o rei, envenenaram a sua esposa e, ao escutar as novas da morte da rainha, riram, como as hienas riem, quando na euforia da fome.
O Rei, todavia, não conseguia tirar de si o desgosto, e muito menos emancipar-se nas suas preciosas bastardas. Mandou que se chamasse Cinderella, lavou-a, e depois, na companhia da sedutora, dançou suavemente toda a noite, e permitiu-se o luxo das lágrimas. Quando o seu semblante recuperado, pousou o olhar no da menina, apercebeu-se do significado do seu destino. "Tens de ser tu. Tu substituirás a minha esposa." Despiu-lhe as roupas de boneca e substituiu-as pelas esplendorosas, que vestia a rainha. Deixou para ultimo a coroa, que assentava na perfeição, e depois os sapatos. Mas o pé de Cinderella não cabia. O pavor invadiu a mente poderosa do rei, e depois de cinco minutos de silêncio e reflexão, com a faca, tomou a comedida resolução de cerrar os pés da menina à medida, então encaixando-lhe os sapatos ensopados no jorro quente. Após o primeiro sapato embutido, a rapariga, lamentando-se, conseguiu a fuga.
Deformada e escoando vida, correu pelo reino, não conseguindo apagar de si o terror. O povo falava de uma assombração, um demónio que se disfarçava da falecida rainha, e conversavam alegremente entre si sobre como a haviam apedrejado até ao seu ultimo sopro. Em celebre festa, queimaram pois o seu cadáver.
O Rei casou com uma das suas filhas bastardas e viveram felizes para sempre.
* Imagem de byluluka
Sabes? Quando eu era miúda, um dos meus divertimentos preferidos era (re)inventar os chamados contos de fadas e transformá-los em histórias de terror...
ResponderEliminarClaro que, na altura, não era sémen mas sangue que eu fazia jorrar a torto e a direito de tudo quanto era personagem "vonitinha, certinha & fófinha". Mas, mesmo assim, ler-te hoje, foi recordar esses tempos ;)*
Um beijo*
PS: Já vi as palavras que me deixaste no Ninharias mas neste momento estou sem tempo para responder.
Mesmo assim aproveito para dizer uma coisita: os teus comentários são deliciosos ;)
passei por aqui bjs muitostodosvarios !
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