quarta-feira, 4 de março de 2009

Lutis Nitra



O clima serpenteava o olho da montanha, vociferando tempestades escuramente coloridas. Branco, lívido, aproximou-se da rocha tamanhosa, sem deter a tremura. Inscrições distantes na sua crueza. Aqui me sacrifiquei em nome do Mais Luminoso e Negro Príncipe. Derramou-se, em lágrimas, sobre a pedra banhada no seu sangue, a sua pele, alva como a neve, impávida como o gelo, onde todas as coisas caminhariam, rastejariam, e voariam rumo às espirais turbulentas da perfeição: tudo o que alguma vez foi e será escrito.
O granizo arrancou-lhe um buraco, introduzia-se como um intruso na carne daquele que foi espírito e despia as ilusões de proporção, porque o Príncipe era uma pedra: e só a verdade é passível de ser escrita, assim como o que é na Rocha inscrito o é nas regiões da imortalidade.
O Sol afastou o tumulto, tranquilo e omnipotente, abraçou-o de calor, à criatura cândida e agora albina como cál. E o Sol durou um dia apenas, na eternidade da escuridão, o Sol nunca se apagou. Nenhum fantasma possuiu o seu vulto, a sua brancura era agora luz.

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