sábado, 14 de março de 2009

Joker




Have you ever danced with the devil in the pale moonlight?

The Joker




Sempre que as trevas me visitavam sem convite, quando eu punha todos os sinais de proibido, vinham com rosto de palhaços, nos sonhos, palhaços profetas, depois, a minha vida desmoronava toda. Tudo era impossível de ser realidade na dor da realidade. Depois, adormecia lentamente, e davam-me a beber qualquer coisa que me fazia acordar sem saber bem de que noite, porque a noite era quando se fechava os olhos do rosto, e os olhos da mente e os olhos da emoção. Só a alma é que há de saber dessas noites.

Depois... Enquanto acontecia, descobri uma coisa, pranteava muito, por vezes sorria, e como já tudo era muito grande, nada cabia nos sorrisos nem nas lágrimas, e meio louco, comecei a rir-me mais, rir-me de ironia, depois rir-me de escárnio. E percebi uma coisa, o mundo não cabe na mão, nem no pranto, mas o mundo cabia, sim, num riso de escárnio.

Eu tinha muito medo do palhaço, depois, o palhaço riu-se em mim em vez de se rir de mim.

O Palhaço ri-se de tudo o que eu nunca me riria, se eu não risse já com ele.

Ás vezes riu-me como quem dá um fatal tiro na cabeça e vê o mundo rodar e dançar finalmente.

Mesmo que fosse a aranha que teceu as estrelas, uma cara branca havia de se rir por detrás do negro do espaço, havia de ser um riso que se ria de mim e que se ria em mim rompendo-me todo.

Já fui tantas mascaras e ainda sou, porque por detrás da mascara não há ninguém como o conhecemos, e mesmo assim, nunca me consigo disfarçar perante o Joker, nem quando me visto de Joker...

Talvez esse riso desse rosto seja o vidro do Espelho como o lado de lá do Oceano que têm uma Noite uma Mãe. Mas não ver o reflexo no espelho é o primeiro sinal do Espelho. Não ver o reflexo no espelho é o primeiro sinal do Espelho não ver o reflexo no espelho é o primeiro sinal do Espelho.. não ver o reflexo no espelho é o primeiro sinal do Espelho. Porque os mortos quando caminham no Templo dela, caminham por túneis e sempre de costas, não a olham, tem ainda muito medo de morrer.

Porque olhar para a morte não é olhar, é deitar os olhos à Taça.

O Mundo é uma Febre. E mesmo quando tudo se cala, até o zumbido do silêncio, ele a rir-se, tão cristalino... tão impiedosamente cristalino.

2 comentários: