Retrato Preto e Branco - Inês Xavier
I
O rio começou a estremecer e os dias
Escuros,
A senhora com as rosas não traçou a curva
Na noite seguida.
O mar devorou tudo, ficou a procura
E há cartas com saliva de beijos, que se lembram
Do sangue das facas nas mãos unidas, disse:
“Segura-me a mão que a esmague”, venenos
E ocasionais despedidas cheias de soluções.
Irás acompanhado toda a morte
De raízes estendidas no ar
E um corpo de madeira, uma casa
Onde o meio-dia é, também, escuridão.
II
As duas vezes que brilhaste fora da água
Enrolam-se num lençol de pálpebras perfumadas
E os rios atravessam as pontes, na cidade.
É rápida a queda
Mas nem mesmo os homens acabam-
A sanidade chove como uma febre delirante
E a branca mão que apaga rosto e feição
Daquele que o túmulo desprezou, como a vida.
III
Fecho as mãos de coleccionador de borboletas
E depeno um corvo sem alma.
Vejo-me ao espelho e quebro este lado
Por acreditar em tudo o que nunca me dirão.
André Consciência
I
O rio começou a estremecer e os dias
Escuros,
A senhora com as rosas não traçou a curva
Na noite seguida.
O mar devorou tudo, ficou a procura
E há cartas com saliva de beijos, que se lembram
Do sangue das facas nas mãos unidas, disse:
“Segura-me a mão que a esmague”, venenos
E ocasionais despedidas cheias de soluções.
Irás acompanhado toda a morte
De raízes estendidas no ar
E um corpo de madeira, uma casa
Onde o meio-dia é, também, escuridão.
II
As duas vezes que brilhaste fora da água
Enrolam-se num lençol de pálpebras perfumadas
E os rios atravessam as pontes, na cidade.
É rápida a queda
Mas nem mesmo os homens acabam-
A sanidade chove como uma febre delirante
E a branca mão que apaga rosto e feição
Daquele que o túmulo desprezou, como a vida.
III
Fecho as mãos de coleccionador de borboletas
E depeno um corvo sem alma.
Vejo-me ao espelho e quebro este lado
Por acreditar em tudo o que nunca me dirão.
André Consciência
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