The Bard, Thomas Jones, 1769
Fulgura
O luciferário no pavio das épocas
Que esmorece o pó e o vento
E eu suspiro o renascimento
Pelo sacrifício litúrgico
do bardo.
E sei a velha raiz do seu sangue
De morte persistente, na morte
Que aos corpos nossos anima
Persistir.
Torna-se
As crianças de braços verdejantes,
As nucas de cabelo solto,
As mulheres garridas
O encarnado das flores silvestres.
Toca-me
No trovão, nas vísceras,
No voo cantarolado das aves,
No ondular espectral da chama,
Na queda dos corpos agonizantes
Na visão do poeta
Despejado a vasos sanguíneos
Aos lábios da ética.
Depois, já druida, sepulta-se,
Sobre cada pedra de cultivo,
E lamenta, metade-vivo,
a espessura da noite,
Os espíritos ribeirinhos
Dos riachos
Que se fazem sensoriais fachos
E no mel e no hidromel
No azeite no sangue e no leite
No afecto aquático pelo vinho
E nas marés pelo sabor entorpecidas,
Nos promontórios e nos montes
Nas éguas belas e velozes
Que a ventania tempestiva
Fecunda,
O bramido afunda.
E rebenta o térreo
Salgueiro que a sombra
Hibernou, e devaneou
O Infernal Senhor do Céu
Que fez as águas termais morar,
Arremessou a fonte à moeda
da promessa ateada,
E a fertilidade solar
Acendeu refulgente
Do ardor familiar.
André Consciência
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