sexta-feira, 11 de abril de 2014

Luva de Chuva



We Are the Strange, M. dot Strange, 2007

Não há lugar para mim, onde o azul me cerca
De dia pintado, de noite lembrado, e o azul
Me cega, no teu grito cantado, em dança
Roubado, ao Deus que o Inverno enterra.

E os meus dedos azuis (pétalas)
Caiem sobre todos os palpitantes amantes,
Que sorriem, distantes, num sonho de ti,
Em que dançava cego envolta do calor, e queimava-me,
Em peles estrangeiras a neve lembrar,
De como já o corpo foi alma. Dentro do meu peito,
Tudo canta, por não haver leito:

Eis que é espada de coveiro, pá de mago,
A voz que vê, no corvo ofuscado,
Chuva que cai, queda, e escuta
Desfeita, quieta, as aves soltas,
Memórias de terra.


André Consciência

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