Portrait of Marguerite, Countess of Blessington, Thomas Lawrence, 1819
Está escuro, e passos tardos de mulheres cálidas.
Amanheceu, e as estrelas secas sobre os semblantes
Estendidos da luz, sentaram-se, por cima do manto
De orvalho.
A porta de vidro baço
Transporta-te à luz de um néon.
A tua ausência é carne, de noite,
A morte tece trepadeiras
E encima os manequins
No jardim, na laje prata
Colorida de fogo negro.
A guitarra geme nas sombras
Enquanto pulsas, e eu não beijarei
O teu ombro.
O teu ligeiro pescoço, quebrado
O balido das cabras na erva
Silenciosa, límpida, e o ferimento
Espalha-se, no meu dorso.
Com a tua formusura
A perda exalta-se,
Acendendo vindimas
De água primordial
Os precipícios bebem a tua
Estranheza, no lombo
Da colina.
Esta mulher não começa, enquanto
O tempo acaba nunca,
Jorrarei dias, os meus dedos
E os pássaros calam-se.
Nela se congelam
As cidades de seios brancos
Os chapéus de sol.
... Está quente, e ser-se erva,
Parece-se muito
Com o arco do teu ombro
Beijado.
André Consciência
Sem comentários:
Enviar um comentário