sábado, 8 de outubro de 2011

Na Manhã Seguinte




Afastou-se na direcção da floresta sem uma palavra
E as sombras engoliram-na.
Naquele momento soou uma trompa
No pequeno pavilhão.

Sentia o rosto a arder
A luz das lanternas dourava-lhe o cabelo
E no seu vestido leve ela estendia
Os braços brancos numa súplica
Os seus gritos rachavam o gelo
E espantavam os pássaros das árvores.

Uma risada percorreu a multidão
A clareira pareceu escurecer
Percorrida pelo sino da voz.

Vigio-te há muito, desde antes
Do tempo ser tempo.

Haverá mais cor no teu rosto
Como se uma longa geada
Começado a derreter.

Transportei-te até ao meu barco,
Onde núpcias.
Ninguém disse uma palavra.

Um pouco mais longe
A serpente branca estava enrolada
No ramo de um arbusto.

Disse-te palavras:
Amor, verdade, lealdade,
Confiança, sorriste
Reflectindo a luz da Lua
Nos teus dentes pontiagudos.

Ouviu-se um cacarejar de desdém,
Trocista, e depois o silêncio.

Transportei-a até ao meu barco,
Onde nos deitámos.
Ninguém disse uma palavra.

Um pouco mais longe
A serpente branca estava enrolada
No ramo de um arbusto.

A nossa última visita ao outro reino
Terminara.


Horned Wolf

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