terça-feira, 11 de outubro de 2011

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Naquela noite
A Lua Cheia mal chegava
Para alimentar um pássaro.

O velho dissera uma palavra
Desde o crepúsculo, as suas faces
Estavam encovadas e o seu rosto
Demasiado grande para os olhos.
Cada parcela do seu corpo concentrada
Em trazê-la de volta.

Depois do quarto minguante
Retirava-se gradualmente
Para um mundo sombrio.

O lume da verdade transformava
Os monstros em rapazinhos
Excepto ele, com os seus dedos
Irrequietos.

Havia muito entre nós:
Muito amor, muita dor,
Muitos mal entendidos,
Pele esticada, pálpebras sombrias,
Quando os carneiros começaram a nascer.

Para lá da janela verde
A luz no nosso quarto era doce.

A rapariga escondia-se na cozinha, enchia o corpo de cinza
E tapava o rosto por debaixo de peles
Espalhando as pernas com um presente misterioso:
Gemia com voz de folha a sussurrar ao vento.

Um dragão embateu nos meus punhos
Levantei-me e fui buscar um copo de água.
O meu corpo parecia uma corda de piano.

O Sol pôs-se para lá das janelas coloridas
Quatro vezes, e no interior do nosso quarto.
No extremo do pomar havia um banco de pedra
Cheio de musgo.

A Primavera acabara de chegar e eu não sabia quanto tempo
Teria de esperar ao frio.
Os vidoeiros que cresciam em nosso redor envolviam-nos
Como uma capa prateada sussurrante.
Dentro de nós, o fumo erguia-se das chaminés.

As faúlhas da minha fogueira subiam em espiral
Como pequenas bailarinas.

O toque da sua mão aqueceu-me o corpo todo,
Senti uma felicidade deliciosa que me começava
No coração a expandir-se pelo corpo.

O velho não dissera uma palavra
Desde manhã, as suas faces
Estavam encovadas e o seu rosto
Demasiado grande para os olhos.
Cada parcela do seu corpo concentrada
Em morrer.


Horned Wolf

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