The Beast of Rejection - Brownboots
Era mais imbecil quando procurava comunicar espírito equipado de palavras bem estruturadas e supostamente sábias, e parecia extremamente inteligente e louvável. Porque devia saber que o espírito se expressa de silêncios imbuídos nas coisas. Então as palavras eram insanidades absurdas e as respostas eram como línguas torcidas: de repente o mundo era apatia persistente, crescente a cada teimosa investida.
Todas as coisas banais elevavam as emoções, e estavam até na ponta da língua, como se nós não fossemos intactos devido a segredos. Nas profundidades havia um selo de “sei lá”, uma entrelinha incomodativa de anões (com faces fragmentadas) que sussurram ao ouvido um “não sejas estúpido”.
Vamos para outro lado. Depois risos, e uma linha ténue de cor indigo a penetrar bisbilhoteira e desinteressada nas janelas sombrias e abandonadas das coisas. Nas janelas que às vezes davam para momentos de vida intensa, nas janelas que não possuíam guardiões e em que todos os guardiões são invasores de uma estranheza errática. Nas janelas quebradas de ilesas, que davam para festas de momentos que partilham as suas histórias de carne e sangue vivo: abandonadas eternamente, sombrias de só serem visitadas por olhos escondidos de tudo. “Nunca foste tu”, enrolava-se essa voz, “nunca foste tu a sentir, foi o sentimento das coisas.”
Vamos para outro sítio.
“Se, por um momento, pudesses definir com textura as gravidades mais abstractas, o que significaria para ti a Luz da qual Lúcifer é portador? E o que é isso, que atrai, como a luz solar as plantas, os homens ao Samadhi?” E ela dizia coisas sobre uma divindade abstracta, ao alcance do homem por via do conhecimento. Eu apostava que ela não existia - nem a pessoa, nem a divindade: de olhos como órbitas, de órbitas como cascatas de vazia escuridão (tão terrivelmente inundada de nada), nas dunas da pele contorcida em espirais de tempo que, frequentemente, se enganavam na direcção: em unhas negras e partidas cerradas contra um assento de brutalidades suaves e irreconhecíveis: com desertos de brasa e secura nas palmas das mãos e um coração oferecido aos deuses do tempo: um corpo despejado nos degraus que enganavam estrutura: observava o espectáculo de ilusionismo: ela dizia: conhecimento.
E depois, o ondular do sol intenso no pacífico mar, ela em palavras “orgulho sincero”, eu dizia “gratidão” porque os ouvidos se enchiam de um mel que colava as minhas fibras de volta. A bandeira dela era verdadeira, os leões são solitários.
O vento, a brisa que me tocou, que passou por mim e que não pude agarrar. Todos os homens.
Nós éramos alguma coisa. Se nunca te conheci, deixa-me repousar, um ultimo instante, na memória impossível de ti.
Eu queria ver como seria tudo quando tudo estivesse destruído.
Entrei, interno, nas folhas de Outono externas, e o mundo dançou para mim de novo. Assim, eu voltava daquela noite em que ela se desesperava nas paredes dementes da ausência dele, com que partilhou tortura e agonia até ao ponto do amor, com que criava lápides escarpadas para manchar um coração que me amava de morte. E cambaleava pelas ruas na manhã, depois de a erguer de uma cama de sepulto para que ela pudesse desfrutar de um dia de labor no café em que o patrão obsceno. Naquele beco em que o mundo todo não nos via e nós éramos mais completamente o mundo: que ela usava para falar de fábulas requintadas, nesse, vieram muitos cães. De mente tranquila em vibrações obsoletas, trilhava imponentemente, eles eram um redemoinho de bestas e os seus latidos não furavam, e os seus dentes conseguiam o interior de uma carne tanto amada como estranha. Ela não fora abalada, ela era as coisas e as coisas que eram eram isso mesmo, coisas que eram e já não são, coisas que são ela.
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