segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
As Unhas do Diabo
A Ponte de Lima - Pedro M. Moreira
Deambulo numa zona sem esferas nem descontinuidades
A terra abre-se sob os meus pés como turbilhões
Ninguém dá pelo meu grito de recém-nascido.
A minha paixão nos amantes que se abandonam
Às camaratas do olhar e se despem totalmente de Deus
Nas mãos a ferver uns dos outros
Fatais e simples, como a beleza de dedos femininos.
O poeta sentava-se sobre mesas de poeira e escrevia a vida,
Os seus poemas transfiguram a memória em essência
Depois, o poeta descobriu que se tocava na pedra,
A mesma se oferecia em bálsamo de sibilância e louvor pagão.
Oferecia-se aos lagos com sinais. A pedra como a água,
Depois o céu, eram tempo engarrafado em poema.
Na ocasião que, acariciando a luminosidade de um poema,
Alguém lhe louvava a formosura da alma, o poeta sonhava
A volúpia de enterrar os dentes no sangue a ter falado e o transformar
Todo em poema e bailado.
Haviam depois as cabeças baixas com a chuva, dos frades franciscanos
Que pareciam escorrer constantemente com igual melancolia
Até aos riachos do paraíso perdido.
André Consciência
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