domingo, 16 de fevereiro de 2014

Inverno de Céu


Experiment VII - Erlend Mork


Era uma vez um galho muito bonito, da cor branca do Sol,
Onde pousavam os passarinhos a cantar e as flores do Luar,
Depois, passava a Primavera e mudava, e o galho
Esperava.

Na outra Primavera, novas canções os passarinhos
Criavam do sangue do galho picado, e alegres
Voavam para outro lado.

Então, pousou o mocho e piou esta canção:
Conheço um lugar onde o chão se funde ao coração
E larga do ar o devaneio.

E o galho, todo cheio de neve, rangeu ao de leve:
Escrevi uma vez um poema, tão cedo acabei me envergonhei:
Leram os pássaros, e vi ainda depois serem pássaros.

E o mocho de bico roxo: A beleza revela,
Jamais se rebela. Cantaste à ave e não ao anjo.
E o galho já grisalho: "Não haveis conhecido
Ser esse divino e incorrompido?

Ele é, outra coisa não, além de um poema
E um se sem asa rasteja, e a pedra brilha,
Feito mundo belo, que mais ninguém via.

Puro é aquele que arde no inferno
E ilumina o Inverno."

Viu assim o mocho, que falava um anjo coxo
E de todas as aves espetou esta o coração
Na ponta solta da sua solidão.


André Consciência

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