terça-feira, 6 de maio de 2014

O fogo no fosso




O coração flamejante em vermelho aguarda
Molhado e a pingar, que uma mão em branco se lhe enterre
Na pele onde se abre uma goteira e nenhum archote
Está aceso.

Mas quando o cometa vermelho furar
Os unicórnios comerão a Palavra,
Na noite, sorverei da alvorada o pão
Da terra, então terei erguido o capuz para ensombrar
O rosto, esvoaçarei no interior do meu crânio
Como uma traça apunhalada na chama de uma vela
E uma folha incendiada, o corpo imóvel
Esculpido em sal
Com a mão branca a arder para manter afastado o frio.


André Consciência

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