segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Três Cantigas




Há mar infindo sem vida
Na escuridão um trono
De três mães, a cor obsidia.

Lembra-nos aquele que vinha
A luz que as ilumina
Messias que não vem.

Ó sangue do nosso povo
Que derramastes a fruir
Onde está o nosso louco
Destino não mais a cumprir?

(A da esquerda, bailando em roda
E muito queda)

Ouve ninfa!, que o mundo volteia:
Tudo será de nossa mui nobre ceia
Se a voz que te traz na candeia
Louvar ao céu um final de epopeia.

(A da direita, clareando a água
Da sua garganta ampla e estreita)

A sombra da vitória: eis ao que chamam
De História. Se o meu canto é solene
Sombrio, lúgubre, perene, lembra-te
Da memória, não há fim ao nosso ser
Nem inicio, no eterno amanhecer.

O trono parou, e as três
Imóveis, a fitar
Para onde, não acaba nunca
A gente acabar.


André Consciência

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