sábado, 21 de dezembro de 2013
Transfiguração Poética
dedicado a Luiza Nilo Nunes
I
Lançou a candeia a nascente e uivou
De seguida, a Sul, acenderam-se fogos que apagaram a sua candeia,
tudo a deslizar pelo poente.
Encheu-se de caminhos enquanto o mundo a seu redor se vedava.
Conseguia ver nos crânios os homens de espírito.
Esquecia-se neles.
II
Descendentemente, as pastagens de gado
Cheias de água do rio Mouro
Agarradas aos seus pés como um sonho.
Descansou no dólmen,
Os seus falecidos deitaram-se nele,
com palavras brandas.
O seu coração explodiu,
espantando um aglomerado de moscas.
III
Sonhava que tudo estava no seu crânio: sonhava
Ter pele na luz e por conseguinte no movimento.
Por exemplo, nenhum buraco somente um buraco,
Todos os buracos a ser centopeias conscientes de si próprias.
É a razão irracional do quilópode que o permite movimentar-se,
A sua racionalidade é, por isso, um buraco,
E a partir deste buraco arrancou do sistema nervoso o gnomo negro
Que é um lagarto: as escamas uma luz de tochas no vinho à deriva,
Palavra a escorrer das estrelas.
O corpo réptil cintilava com deslizes suaves pelo Sol,
Três dias seguidos, encontraram-na em forma rochosa,
Enquanto encimava o penhasco de Portela do Lagarto.
André Consciência
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