sábado, 28 de dezembro de 2013

Fêmur de Loba


Beauty and the Beast - Annie Leibovitz

I
Um dos lados do seu pescoço comia.

As pessoas não eram feitas desta brancura
Nem a areia fina tem forma.

Na pista, vindo da escuridão
Restolhava um mar de saias.
Partia as palavras e fazia-as respirar.
Deixou cair os braços do condutor da camioneta.
Não sabia.

Enfim, chegaram os lobos.


II
A terra pisou o centro da noite
Um sobreiro parou debaixo dela,
França.

A mulher tentava falar mas não se entendia o que dizia:
“Qualquer coisa”. A terra macia e as pedras separavam os tojos
Desfaziam as veredas. As mulheres e os homens eram seguidos
Por caudas, ao tropeçar, e quando tropeçavam batiam
Nas costas outras, a abrir asas deformadas. Tinham o que viam
A calcar a grandeza do céu negro e grande. O caminho sabia
Enfiar-se no homem que conduzira a camioneta e só
Ela levantava-se diante dos rostos
A cabeça dos outros mergulhava
Como que para dentro de um vidro, na sua voz,
“Qualquer coisa” , a felicidade fazia promessas, com grilos
No arrastar dos passos.

É o pensamento que faz nascer a ausência.
Desconsolada, a noite olhou para dentro dela
E recusou-lhe um pedaço, muitos pedaços,
Três pedaços, a olhar para os homens
Cortou-os como lascas de pão, abraçou o chão
E deixou as suas malas de lado.
Um ribeiro simples passava,
Um fio de água foi sentar-se com ela.

Tudo aconteceu quando descansaram para parar.
Ficou duas horas a subir e descer os cabelos.


Horned Wolf

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