domingo, 22 de dezembro de 2013

Eufemenismos

Pan & Maid - Judith Page



Escuta o barulho do céu a passar pela casa,
O som do céu a passar pelos nossos corpos não será diferente.

A esponja de Alá lavou a Lua da abobada,
E isso aumentou a sombra dos homens e a sede.
De súbito, a quinta cobriu-se de rapinas esfomeadas
Cobriram os telhados e as folhas e as fontes e bicavam,
Ainda vivas, as dobras das janelas.

Alda, a minha filha, Alda, distante,
Como se sonhasse uma corte de amor no extremo oriente.
Vários homens desapareciam por debaixo da sua saia,
Como se apagados de manhã, sonhos.
A sua fragilidade a quebrar-lhes pescoços.
As suas mãos brancas sem ostentar sangue pisado nem mágoa.

A vontade de um homem não pode ser controlada por esse próprio homem,
E na bestialidade masculina lia Alda uma chuva miúda de alvorada
A limpar as varandas com perfume branco de flor.


André Consciência

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