quarta-feira, 6 de março de 2013

No Céu - O Gigante da Consciência



baseado num sonho de Constanza Muirin



Um dia larguei as camélias nesse Sol, amanheci com as sementes, a ver de ser eu, que houvesse um eu na balaustrada que serve de portada à eternidade hostil do esquecimento lapidar. Era eu espalhado no chão com pincéis e papeis e tintas e lápis de cinza. A crescer esmagada debaixo do Astro Criador estava a perfeição em laivos, depois o deleite das bonecas, um querer fugir de mim por ser acorrentado, demasiado tarde, tardiamente agigantado. Os meus olhos tornaram-se cinzeiros e os jardins com que sonhei, aguados, roldanas circulares num relógio sem pilha, marionetas do tédio despertas com brinquedos a ser feitos em casas pequenas e momentos pequenos e mortes pequenas de viver. Pois para o gigante o prado afigura-se uma cela. A menina, que me visita como uma mancha trémula e persistente na escuridão, é sempre ferida pelas correntes que me estropiam, escapa com as chaves da minha libertação, e fica a arrepender-se em laivos, esmagada debaixo do Astro Criador.


Horned Wolf

Sem comentários:

Enviar um comentário