terça-feira, 2 de abril de 2013

Um Grande Emaranhado de Chifres

Dedicado à Anue




Recuou com o horror a olhar no rosto.
O medo vivo afastou-se mais um passo da porta aberta.
Uma penetração chorava enquanto no menino
Com angústia no olhar
O bastão entrava a movimentos insistentes.

Estava nua, e o seu magro corpo
De pele clara
Gotejava do cabelo
Os seios pequenos
Escorriam em arroios
Descendo até às coxas.

Um homem imolado na pele morena
Acima do seu próprio rosto, com relevos
O pescoço delicado segurava
Os braços de um homem morto.

A medida caminhava na direcção da máscara
De uma coroa
A pele amarelada contraia-se
Solta pelas costas
Com passo irregular.

O branco ensanguentado avançava
Contorcendo-se, reluzente e fremente
Nos corpos negros
E a boca vermelha, presa ao cabelo
Procurava correr para os alvores
Da manhã na porta aberta,
Mas a gordura rumorejava no tecto
E a chapa de cobre reflectia o seu corpo nu
Talvez porque todos tinhamos corrido nus
Enquanto crianças. Como tinha conseguido
Fazer penetrar a cabeça?

Um manto preto
Cobriu o sangue
Da sua pele clara.

A cama tinha um sobrecéu de um tecido
Bolorento. Um barulho de coisas partidas
Soou.


Horned Wolf

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