segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Todas as luzes são as últimas


Last Lights - Tomabw




Visitava palácios de duendes, corais de musas, catedrais de anjos.
Há três formas de ser poeta, e nenhuma delas - existe.
Se via uma pessoa a caminhar na minha rua de palha e árvores
Pedras e cobrinhas, permanecia quieto como o mar antes
De ser mar
Sentia que o amor - ali chovia com força
E derrotava o facto da pessoa ser pessoa
Pele sem limites, quente com alma.

Se toquei a primeira alma fiquei noite
O amor procura o mundo para ser calor
Mas eu não sou do mundo. Fora do mundo
O amor é gelo que preserva o Anjo.

As minhas mãos acenderam-se: nas pessoas
As mãos são a parte da alma que está no mundo
Não existe nada sobre os sentidos
Que possa ser verificado.

O meu rosto mentia sobre tudo
Mas a culpa nunca foi minha
É a natureza dos rostos expressar-se.

Fiquei quieto, muito tempo, mesmo muito tempo
As mãos mexiam-se no vento, no baloiço
Da trepadeira, no coração apaixonado das meninas
Que ainda se apaixonam a fingir a sua própria
Crença, na videira das manhãs que roubam
O toxicodependente da loucura
E arrastam os filhos das mulheres
Aos pesadelos sem solução.

Quase desejava não ter rosto
Que me tocassem no gelo
Mesmo que morressem
Porque o frio não morre.


André Consciência

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