quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Eterno Crepúsculo



A escuridão caia sobre a cidade e, ferida, arrastava-se por mim, pelas vielas, pelos canais, agarrava-se às habitações. Há duas noites, estava em pé junto à janela, não sabia se devia praguejar ou chorar enquanto via a última luz do Sol desaparecer atrás de seios bicudos. Mas há muitos anos, nesta mesma orla de cidade onde repousa a lagoa, uma agonia repleta de luar ouviu-me cantar, sobre uma cortesã, e recompensara-me com um beijo, um estrondo oco ecoou sobre os telhados, um trovão distante. Depois, todas as pessoas se tornavam velas, mas nenhum fogo me queimava. 


André Consciência

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