Venus Disarming Cupid - Parmigianino
Prato 1
Vénus, com um lampião numa mão, uma rosa na outra, uma espada na terceira e uma foice na quarta brame para o sacerdote do fogo secreto - mero aspirante, neste caso -, que foi da luz e depois vendado pois de outro modo os seus olhos consumiriam o mundo:
«O segredo desta porta é ser em oposição a ter»
O aspirante pôs-se a pensar, demorando-se.
Vénus:
«Estávamos a conversar, mas deixaste de me olhar»
O aspirante:
«Se não pondero movo-me no mundo como uma besta, e sou apenas o que me dá o universo a ser. Sem a razão o homem cai num buraco do qual não poderá sair mais tarde - nisto os escolares não estavam errados, arrisca a condenação que dura sempre»
O anjo que mencionamos sob o nome de Vénus:
«Muitas vezes confunde o profano a vigilância com o pensamento vago e vagueante onde se perde e se faz distraído - esta é que é a tentação do ter. Fecha os olhos longamente, no escuro, não te movas e fita a chama do teu fundo, sob pretexto desta questão. O que vedes?»
O aspirante:
«Um homem. Ficou cego. Ficou cego por muito tempo e os seus olhos tornaram-se estrelas. Este homem vê dois mastins a combaterem no Inferno»
O anjo:
«E atrás desse véu?»
O aspirante:
«Um homem ficou cego por muito tempo até perder o medo da escuridão, e quando perdeu o medo os seus olhos tornaram-se estrelas. Um dia este homem viu uma mulher cuja pele era branca como a Lua e os olhos dois astros azuis. Porque não tinha medo, combateu-a e amou-a. Com ela deu à luz filhos e gerou vida, apesar da mulher ser a morte»
O anjo:
«E atrás desse véu?»
O aspirante:
«Um rei construiu uma muralha para preservar a civilização. Emparedou-se na parte externa a vigiar para fora, de forma que só aqueles sem motivos para temer a luz do rei fizessem estadia no seu reino»
O anjo:
O anjo calou-se.
Horned Wolf
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