terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Os dias nunca mais acabam


Vista do Castelo de Palmela


Aproximou-se da porta branca do terraço, com o estuque carcomido e o quarto sempre na escuridão. O cigarro queimava, algo lânguido, uma mortalha branca. Além um mar de luzes trémulas na penumbra verde e terrena, alongando-se por Palmela até ao castelo no topo do monte ao fundo nocturno do horizonte. Pela sua mente em vácuo passaram muitas vivências imortais que ali haviam tomado lugar, algumas sob o abrigo feliz e vibrante do dia e várias sob a eternidade protectora das horas tardias. A vida repleta de coisas, por si próprias, sem fim, como um milagre estonteante, mas os dias não haviam modo de acabar e instalar a paz numa só delas.


André Consciência

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