São mais raras as estrelas, do que os barcos no oceano nocturno Da respiração intermitente do teu vulto enquanto forma sonhada E desmaiada em todos os pólos da minha maldade Ah os lábios dos teus lábios chegam Embora nos não beijemos às vezes Aos meus lábios chegarem a chegar Ao porto seguro da tua alma inavegável.
E na luz do seu silêncio me guiava E engolido pelo seu ventre menstrual, que inchava O oceano negro do seu coração cantando Amarrava o céu e o inferno, meus.
Eu sou minuto vivo na coreografia Do seu mamilo em bico Uma dança ao Sol Um tiro na humidade celeste Uma sombra aquecida Na noite dos amantes.
Um raio de Sol que entra Nos poros do seu umbigo Um grão de para-sempre Incrustado nos mares A paz para além da personalidade A paixão para lá da dor.
Deixa-me levares-me os braços O crisma, a roda, a medicina! Besunta o amor sem lágrimas E dissipa a solidez solitária.
Determino-me nas estrelas Tão pequeno quanto é pequeno Ser a vê-las. Enorme quanto é grande Amanhecê-las.
Quando Gabriel sopra o chifre E os lobisomens da rua E a mulher nas mulheres Se move nua
Quando a terra estremece E os corpos do avesso Repetem os seus hinos
Quando sou chamado Para o meu lugar amado E a pequenez do peso Que deixou de ser voo
Digo-te "caminho Pelo vale aéreo da luz Anos sem fim E no mar das almas Não há terror ou selva Que nos tapem
Olha para mim Não te esqueças que voei Ou penses, que esse voo Teve fim Por mais que derrubado Os cães me comam
Quando o chifre soa Eu não posso levantar Se não para outro corpo E só os ouvidos são ainda Semelhantes ao que eu todo Fui
As cidades em sal Se um de nós dança E ousa
Perdoem-me as águas Por serem desmedidas A vaga por aparentar limite Sem o haver Ou o fogo por romper Todos os corpos Que nos foram dados Que a terra não se esqueça De ser o primeiro retrato De um romance Da saudade Sem alcance E me perdoe o ar Como antes Eu não poder voar"
O teu cabelo em rosas na geada enquanto dançávamos, A feiticeira a enfeitiçar e o paladino em luar, À luz das estrelas teciamo-nos numa teia de seda e aço Sem memória como o mármore nas câmaras de Boabdil, No jardim secreto das rosas com as fontes e os orvalhos Onde a nevada serra nos suavizou com as brisas e os galhos! À luz das estrelas enquanto tremíamos do riso à carícia E o deus veio quente sobre nós na nossa pagã delícia. Era o Baille de la Bona demasiado sedutor? Sentiste Pelo silêncio e pela doçura toda a tensão que assentiste? Pois o teu cabelo em rosas e a minha carne em espinhos, E a meia noite desceu em nós como mil loucas auroras. Ah! minha cigana, minha Gitana, minha Saliya! estavas desejosa Que a dança se tornasse solene? - Ó solarenga terra de Espanha! Minha Gitana, minha Saliya! Mais deliciosa que uma pomba! Com teu cabelo incendiado por rosas e teus lábios acesos por amor! Deverei ver-te? E beijar-te uma vez mais? Eu divago para longe Da terra solarenga de verão para a gelada estrela polar Hei-de encontrar-te, hei-de encontrar-te! Eu estou a retornar Da obscenidade e da neblina para te procurar na solarenga terra de Espanha. Hei-de encontrar-te, minha Gitana, minha Saliya! como antigamente Com teus cabelos incendiados de rosas e o teu corpo feliz com ardosas. Eu hei-de encontrar-te, eu hei-de ter-te, no sul e no verão Com a nossa paixão no teu corpo e o nosso amor na tua boca - Com o nosso espanto e a nossa adoração seja o mundo incendiado e renovado! Minha Gitana, minha Saliya! Eu retorno para ti!
As margens fecharam a luz E um lago dançou a meio de mim.
Os cafés pairavam, debaixo da água. Em conversa, tu, com o cântico das sereias, eu Como faróis negros ao longe.
O escuro entrava nos relógios que boiavam Em nosso redor, apagando-os para o outro lado Do Universo, e ela ria-se, sem que a sua Cadeira, perturbasse o lago.
Eu leio o que te ouvi dizer, e escrevo.
Tu também estás na margem: Os ângulos todos. Jactos de luz rápida Que nos iluminavam por dentro: Nunca tinha visto o meu corpo por fora, Ou melhor, o teu corpo por dentro.
Cidades inteiras giram à volta das árvores Mas o lago quieto, o café quieto, Fora do horizonte, a ver o horizonte Por paisagem, como quem sabe amar O tempo.
Da tua flor a tintura da vida, da tua canção a sombra fresca na terra. Morre a águia e morre o tigre, e cobrirás a pincelagem primeira, da amizade, da nobreza, do amor fraterno, com a sombra negra da terra.
Uma larga plumagem é o teu coração, e de puro jade é a tua palavra, ó Pai!
Tende piedade de mim e sobre mim pousai um olhar misericordioso, porque será por um momento breve, como, em oferta à Mãe Morte, abrem os frutos azuis os corais de flor e canção.
Blood Gatherer
We shall not for ever die; even the grains of corn we put under the earth grow up and become living things.