quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Prodígios


Andrei Chikatilo



Um poema que não fala de vento
Nem de vozes limpidas,
Ou de dormir nunca mais.

Um poema que não fala das árvores
Perdidas na saliva das ilhas
Nem das entranhas do mar
Que desprendem.

Deus não é eterno;
A metamorfose ignora-se;
Os fundos dos restaurantes olham;
Hoje, definitivamente, não chega,
Nem a próxima noite;
Os ossos são a única parte tranquila
Do corpo;
A sombra envolve-se
E se não fosse a música
Tinha um tiro nos cornos.

Levanto a cabeça e deixo a voz baixar.
Um duende dança na erecção do meu pénis.


Horned Wolf

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