sábado, 14 de maio de 2011

O Horror dos Templos IV


Purgatory Travelers - Emanuel R. Marques



Dunas sobre pedras, as mãos sobre o escorpião,
Esmagas o crustáceo sob a botas e vasculhas os seus membros
Dilacerantes, encontras sacos pequenos de algodão,
Brancos e... variados.

Dentro de um frasco de vidro o homem verde ervilha
E minúsculo, com asas pontiagudas oferece pulos alegres.

Tira-me daqui. Leitor, tira-me daqui:
Eu grito dentro de um frasco transparentes nas entranhas
Avolumadas, do lacrau. Quando me ergo para
Vos falar, abro-me como um ovo, voo para fora
Perscrutando a vossa alegria e cantando inaudivelmente
E borrifando-vos a cabeça com um pó brilhante.

Os novos templos são a poesia, a pintura, a infâmia
E a heresia.

Se te queres proteger do Sol, leitor, se
Pretendes continuar comigo, usa o escorpião do avesso
Como lenço para a cabeça. De cabeça e pescoço tapados
Caminhas para Sul. E não existe um único ponto
Nesta única paisagem, em que possas encontrar uma
Sombra.

Não gosto de usar a palavra "embora" nos poemas,
Tento distinguir o que encobre a bruma difusa e vislumbro
Um muro alto. A pedra encontra-se a menos de um quilómetro de mim
Aos saltos, e és tu. Por detrás desse muro erguem-se
Ao compasso dos segundos, telhados de torres.

A areia, tomada de paixões pelo vento e assim arrebatada
Acumulou o muro até meio. Não existem ou existiram pegadas
Fora da imaginação.


Horned Wolf

2 comentários:

  1. Muito Belo!

    Veneno ou paixão, realidade ou visão do sol abrasador do deserto?

    Blood Kisses

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  2. Blood Tears, é um prazer ouvir de ti.

    É dificil gostar-se deste poema, mas és das pessoas que consigo imaginar a gostar.

    Wolf Kisses ;p

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