quinta-feira, 26 de maio de 2011

O Horror dos Templos VI


Despair - Edvard Munch


A lanterna com uma mão e envolta numa capa
Esquiva-se de ti.

É preciso muita coragem, para sobreviver
Dentro dos globos oculares.

A pele amarela estica-se muito e espreguiça-se
Cobrindo as caveiras.

O poderoso olhar do pensamento abate-se
Sobre os débeis fantasmas.

Uma boa iluminação proporciona um lado e o outro
Dos archotes.

As tapeçarias e os frescos estão decorados
Com paredes.

O lado esquerdo encosta-se a uma delas, semelhante
A uma esfinge.

A lua em quarto crescente forma uma piscina que existe
Acentua-se um forte cheiro a ervas,
Enquanto caminhas.

Oz azel oat - NÃO BEBER!

O fresco de vinte metros de comprimento cobre quase toda a parede
A orelha à frente do pincel, as mãos nos godés, estar de pé
Ser acima de se ser homem.

Gostas do meu trabalho?

Répteis descarnando crânios tentam deter um exército de homens anões,
Fustigados pelos orcos mortos.

Talvez o homem que procuras seja convidado
No entanto sei que o templo só chega ao interior
Da pintura, depois de atravessar uma cortina de chuva
Dourada.

Coça o queixo e pensa que a arte é cruel e infléxivel
Todos os artistas trabalham secretamente numa cidade
Perdida.

É ela a sacerdotisa do templo, seduziu-te com promessas
De riquezas muitas. Ouves choros aflitos e sádicas gargalhadas.
Na sala do tesouro vi por exemplo aparecer à minha frente de repente
Uma figura envolta numa capa. É pavoroso indagar uma cara
Durante alguns segundos, e a morte que te preparou. A morte pôs
Qualquer coisa numa caixa dourada e voltou a desaparecer.

Os olhos esbugalhados abandonam a sala juntos
Mas a meio do corredor separam-se.


Horned Wolf

2 comentários:

  1. Cheguei a pensar que era eu. Este poema perturbou-me, amigo.
    Muito obrigado.

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  2. Uma civilização incivilizada, de mistérios dourados...... As cruéis verdades que se dissimulam sob a luz, revelam-se na escuridão.....

    Estou a adorar seguir-te... Obrigada! ;)

    Blood Kisses

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