sábado, 23 de abril de 2011

O Horror dos Templos II


A Destruição do Templo de Jerusalém - Francesco Hayes


O Rio Vermelho
E os campos cultivados para lá
Preenchem-se ao anoitecer
De homens a envelhcer
Onde se entrelaçam as raizes e os ramos
Todas as criaturas morrem no sono
Todas as almas sem corpo
Falam a mesma lingua
As pontas dos seus dedos
A individuar-se nos archotes acesos.

Leitor, o meu corvo guiar-te-à
Até ao rio Peixe
Onde veleiros a Sul alcançam barcaças
Com a marca do Porto da Areia
Negra.

O meu corvo crocita e afasta-se
O arrepio na tua espinha atravessa
O capim alto.

Fumo a Leste, as tripulações alheias
Continuam a descarregar mercadoria.
Setas em chamas com carapuças e capotes
Ardem cabanas.

O tempo da areia engole o pobre homem
Morto pelos duendes.

Olhando para o céu
Vemos voar na nossa direcção
A infinidade estelar
De astros que não podemos identificar,
Á medida que se aproxima
Reparamos que o grande espaço sideral
Tem corpo de abutre e cabeça de mulher,
Lança gritos estridentes que rasgam
Camisas.

Os homens dormem em buracos de areia seca
Quando acordam.

Da areia ressequida jorram ondas
De calor.


Horned Wolf

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