A Destruição do Templo de Jerusalém - Francesco Hayes
O Rio Vermelho E os campos cultivados para lá Preenchem-se ao anoitecer De homens a envelhcer Onde se entrelaçam as raizes e os ramos Todas as criaturas morrem no sono Todas as almas sem corpo Falam a mesma lingua As pontas dos seus dedos A individuar-se nos archotes acesos.
Leitor, o meu corvo guiar-te-à Até ao rio Peixe Onde veleiros a Sul alcançam barcaças Com a marca do Porto da Areia Negra.
O meu corvo crocita e afasta-se O arrepio na tua espinha atravessa O capim alto.
Fumo a Leste, as tripulações alheias Continuam a descarregar mercadoria. Setas em chamas com carapuças e capotes Ardem cabanas.
O tempo da areia engole o pobre homem Morto pelos duendes.
Olhando para o céu Vemos voar na nossa direcção A infinidade estelar De astros que não podemos identificar, Á medida que se aproxima Reparamos que o grande espaço sideral Tem corpo de abutre e cabeça de mulher, Lança gritos estridentes que rasgam Camisas.
Os homens dormem em buracos de areia seca Quando acordam.
Sábado, 21 de Maio · 21:00 - 22:00 Castelo de Asgard Rua Tomé de Barros Queirós, 29 B Sintra
"Por dentro da janela, a água forma horas e salas de jantar E fizeram praças nos locais inatingíveis"
Poesia de André Consciência interpretada pelo autor e acompanhada pelas atmosferas sonoras de Babalith, produzidas em exclusivo para o evento. O acto será acompanhado por uma exposição de Cláudio Carvalho e da sua gravação ao vivo nascerá o novo álbum de Babalith.
Valor da inscrição: 5,00 €
Inscrições no local, através do telefone 219 234 257 ou por email: castelodeasgard@gmail.com ou abismohumano@gmail.com
Milhares de peixes de cores vivas vagueiam Por entre os ramos de corais brancos. Beleza extraordinária, riso cristalino Duendes da água salpicados de pequenas escamas Douradas.
Uma taça gigantesca, talhada na Rocha.
O grande bico abre e fecha.
XIX
O focinho comprido Do peixe-broca Ostenta as formas Do saca-rolhas.
O seu gosto consiste Em ser engolido Insistentemente Por variados polvos.
XX
No interior do enorme crustáceo, Por cima de mim, O oceano adquire uma tonalidade vermelho-sangue.
Ancorado numa pequena enseada, O casco do navio pirata.
Se fores um homem de gosto Abre o fundo do navio com algumas pancadas E sacia-te comendo a tripulação.
Depois, junta todo o ouro numa pilha, Fica quieto, e escuta uma voz profunda Clamar por ti.
XXI
Empoleirado nas cristas, avistamos as luzes, o Porto Da Areia Preta, cintilando no crepúsculo.
As guelras desvanecem-se numa ilha Deserta e às escuras.
Magos Moveram-se para o oleado interior Do Pacífico.
XIII
Vê-se Uma película cintilante Um formigueiro que atravessa Todas as barreiras.
O Tritão, à porta Arregala ainda mais Os olhos.
Corta o Peixe-Serra Que aumenta de tamanho Com a faca da bancada.
XIV
O Peixe-Broca, o Peixe-Machado, E o Peixe-Brilho, com uma luz azul No alto da cabeça.
Estranho espaço de areia limpa A arena é ao mesmo tempo uma saída Para o exterior.
Poisada, muito direita A caveira humana vomita Musgo: uma voz Dentro da tua cabeça Remexe a água luminosa: Vaga forma humana Capitão da marinha, morto Pela amotinada traição.
Ossos espalhados e comidos por fauna.
XV
As criaturas das profundezas permitem-vos a paz Enquanto lêem: Urnas entaladas entre rochas e cobertas Com verdete.
Escadarias de mármore e grandes portões de bronze Corroído.
Escancarado, lá dentro, enorme e gordo O escorpião. Corais sólidos e cinzentos, criptas de pedra A parir estátuas, nobres figuras humanas, Altivas feições de peixe, onde escrevo inscrições Desconhecidas, coroas de jade verde Com golfinhos encadeados uns nos outros.
O Oceano: Uma voz tão profunda como a vibração dos ossos.
XVI
Um remoinho para a escuridão Luz fraca sob o abismo escuro A sala está iluminada a vermelho Velha e murcha, a bruxa-do-mar Toma banhos-de-vapor, Um ajuntamento de Tritões em seu redor.
Eu, o poeta, sento-me numa mesa tosca Cá fora, as grandes mãos escrevem Com membranas estendidas, Num anel de latão esverdeado Em forma de espiral.
XVII
Na área rochosa e funda no mar Existe um edifício, de tijolo, Rodeado de seixos cobertos de algas, É habitado por enormes caranguejos Comidos em permanência por minúsculos Parasitas.
Plantas aquáticas deitam a dormir luz escorregadia Túneis de áspera rocha inclinam-se, sem fim, Com a suavidade do pescoço das bailarinas, Todas as portas pesadas dão para penhascos De parede, salpicados de grutas, anémonas, Protuberâncias.
Não podes cair, suspenso na água E transparente.
VII
A moreia estremece e morre Vagarosa pela água Os seus dentes de agulha Ondeando na corrente.
Passa, sobre o jardim Um galeão afundado Um palácio de cúpulas Sem cobertura.
VIII
No palácio bóiam uniformes, Cores de jóia, membranas e dedos, Pele que encarquilhou.
O musgo marinho interessa-se Por todas as curiosidades, De si saem cortesãos sumptuosamente Vestidos, salões de audiências, E um inchado Peixes-Rei Que ao pronunciar-se De respiração saliente Com dificuldade olha.
A bela adormecida no topo Tem que nenhum fidalgo A possa despertar.
IX
A princesa jaz perpendicular Num fofo leito de musgo As pérolas parecem olhos O jade lembra a pele As algas trepadeiras, dedos.
Acotovelam-se cortesãos.
X
Farrapos de pé, mastros Flutuando na corrente Penumbras repentinas Ostras amontoadas Por aranhas-do-mar Paredes derrubadas Pelas linhas do barco.
XI
Os jardins submarinos têm portões de ferro Que não aceitam ferrugem, As árvores nascem peixes coloridos Em vez de pássaros. A pouco e pouco, jardim-floresta, Rugido repetido e à escuta, Do peixe-leão, Vivendas de vulgar aspecto Fazem-se rodear por arco-íris.
A bordo de navios, veleiros, barcos de guerra, Carcaças ao lume, vagabundo das experiências salgadas, Com a calmaria absoluta das tempestades dentro Da pele, perdia-se a conta das criaturas que degolara.
Igual a um Peixe-Sol na areia preta do oceano, desfraldado, Rapina marinha, salta a amurada. O sabre descose a carne, a cavilha de ferro é uma bailarina No miasma da noite, e assim como pastam as chamas As águas profundas deleitam-se nos cadáveres, E só a brisa é refúgio dos piratas.
Rios grosseiros amarrados ao mastro, casacas Um dia elegantes, homens debaixo da quilha, Na bandeira, iscos, pão preto, carne e sal.
II
Peixes corrosivos ganham cor Verde-mar O oceano não é profundo, E há recifes de espirais de coral.
Pátios e algas, pés no fundo, Pátios luminosos, bolhas Uma estrela gigantesca, A água fria e cordas nas mãos.
A garganta roça-se na espada polida Á procura de se soltar.
III
Azulejos vermelhos, verdes, Brilhantes e limpos por algas O pátio invadido por restos De corais.
Pedra cinzenta dos prédios Um alto, conserva-se sobre os outros E peixes que nunca foram peixes Observam como anjos De dentro das janelas.
IV
Sereias, de pingentes em forma de búzio Nos vitrais da nossa catedral, Ao anoitecer, respirar debaixo da água, Como quem canta.
Pérolas negras flutuam entre beijos E as ondulações das caudas, Escadarias, buracos escuros.
V
Leveza ágil, portas abertas à força Daquilo que apodrece, Moluscos prateados, silhuetas, Do tamanho de homens delgados, Homens só com olhos e dentes E gulas dementes.
While most of them walk the same road, I’d rather pick other ways to get there. Meanwhile, I’m presented with splendorous mountains, leafy valleys and peaceful rivers. Randomly, in between such pictures, I do find the road in which almost everybody marches. So I walk along and among some of them (couldn’t tell if in the right way) and maybe get to know one or two – is it possible to know someone really? Then… The unstoppable quest restarts… it’s a chase all right. Yet… You’re not the hunted, you’re not the hunter… as I’m neither the prey nor the predator; my best guess goes to my wish to fulfil curiosity. Things are what they are and like they are, so I’m grateful with what I get… everybody should be too. So I go back to my ways, my routes with mythical landscapes where your smile lit the sun, your hands hold leafs on the trees, your eyes shine on every rock and your glaze pulls the wind to blow. With luck I’ll be there someday, where I can see you every time I look in the mirror… Simply, I’ve never left this city.
Wolf – Music & Lyrics Horned Wolf - Video & Art The Poisonous I – Voice & Soul
Ao blogue A Voz da Serpente no seu quinto aniversário Miasma of Secretions - Babalith
I
Vede como é bela a sua cabeça em cascata Uma mão globular com uma miríade invisível De dedos ao Sol alegre das tempestades Que o amor prende à delicadeza sua, De mulher, a santidade um rio que bóia Cantando o perfume das flores magoadas Uma cor de céu a transmitir a Deusa.
II
Judeus, a cair dos pinheiros, Dinheiro a escorregar das banhas De um velho gordo Asas recolhidas em abismos Poças de sapo, Homens de prudência tornados Bandidos.
III
Um pedaço de tecto [abismo] Num montículo de poeira à esquerda Tu serás a minha lápide de terra Esquece-me e solta-me Uma estrela reparada por amantes Nesse quarto inacabado E eu adormecerei na tua campa dourada.
IV
Mortos, a tropeçar tempo adentro Sobre os ossos da noite, Colocam-se no altar Da razão juíza Os meus olhos expandem-se Para lá da preocupação No fogo aéreo E sem desejo Amanheço.
V
O silêncio do país desejado A dormir quieto, de chuva branda, As casas, ali, engoliram Os jogos.
As árvores desceram, com seus ramos E raízes, os corpos húmidos das crianças. O sossego abateu os pássaros.
As ardósias retiram as dobras Que restam à noite, fazendo-a Lisa, abençoam o mal para criar Caminhos, terra seca e água.
Da tua flor a tintura da vida, da tua canção a sombra fresca na terra. Morre a águia e morre o tigre, e cobrirás a pincelagem primeira, da amizade, da nobreza, do amor fraterno, com a sombra negra da terra.
Uma larga plumagem é o teu coração, e de puro jade é a tua palavra, ó Pai!
Tende piedade de mim e sobre mim pousai um olhar misericordioso, porque será por um momento breve, como, em oferta à Mãe Morte, abrem os frutos azuis os corais de flor e canção.
Blood Gatherer
We shall not for ever die; even the grains of corn we put under the earth grow up and become living things.