sexta-feira, 24 de julho de 2009

Pensamentos

Gárgula (neogótica) da Catedral de Notre-Dame em Paris


Da Morte

É natural que um homem nutra esperança de que, após a sua morte, seja lembrado com um suspiro lânguido no coração das donzelas e daqueles homens convictos do seu tempo, dos seus companheiros de armas.

Tenho náusea, náusea de todas estas mortes. E quando sonho a minha morte, sonho morrer não de amor, nem por causa alguma que aglutinasse as mentes agudas dos homens, penso só, e só, morrer só, de solidão, morrer de solidão. Acabar assim, na escuridão, seco e frio, claro e cristalino. Porque só a solidão não se corrompeu.

Só do espelho, pode o corpo nu se vestir. E só da luz da chama se tinge a agua.


Da Solidão

Se fosse, ao menos, dois, saberia onde me encontrar.
Vivemos como Ciclopes.



Do Que a Eternidade Anima

A chama é o pânico num teatro sem vida.
A morte é a calma num teatro de gelo.



Da Verdade

Por vezes a verdade é tão feroz quanto a nossa leoa e tão pura e plácida quanto o nosso cisne. Por vezes pode até despir-nos de olhos como o nosso falcão justo.


Da Companhia

Até o mais profundo afecto do homem social, a família, se baseia na projecção mais superficial do homem em geral, o dinheiro.



Da Poesia

A poesia em palavras é só mais uma mascara social, um véu intelectual sustentado por uma cortina ilusória entre um homem e uma estrela, um homem e a beleza das coisas a sério. Tanto palavreado só servirá para se esconder delas.

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