terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Um Tríptico, Na Casa Luminosa




Um rosto é sempre simples, dois olhos, duas faces, testa, queixo, os lábios; um instrumento simples, em bruto, com ele te conheço e com ele me conheces. É nos posteriores detalhes que nos esquecemos do que primeiro é o rosto. Nos detalhes representamos, e o corpo todo, porque segue sempre o rosto, torna-se superstição, imortalidade. 

Cada semblante possui os seus traços de tempos e épocas distintas, mas eu sou sempre branco, cabelos e asas alvas, olhos transparentes como duas bolsas de vidro vazias.

Pressentes muitas máscaras, tripticas todas, mas só uma te atrai, porque não tens ainda rosto para suportar os muitos rostos, e vais sonhar fundo, adentrando a dimensão.


André Consciência, baseado num sonho de Cátia Ferreira

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