I
A vida acaba cedo
E prolonga-se tarde demais
Gostava de viver noutro tempo
Noutra terra, partir de outro cais
Onde o teu nome gravado
Não fosse um nunca mais...
II
É de manhã
Tive de vender o carro
Por 150 euros.
Lembras-te das nuvens
Como eram
Nas outras manhãs
Perfilhadas como corredores brancos
Por dentro do teu carro
Com bancos recolhidos
Onde nos deitávamos sobre nós
Com mais que sentidos?
III
Dói-me existir
Sem a dignidade possível
Dos primeiros momentos.
Os pássaros voam sobre as carcaças translúcidas
Das nossas almas pouco lúcidas
Que se lavam nas margens de beijos,
Ou de mulheres abertas com filhos
E homens que choram em brilhos.
IV
As luzes na penumbra dos aguaceiros deixam-me morrer menos sozinho.
Ninguém me lembre, tudo o que eu fui não foi caminho.
André Consciência
terça-feira, 14 de agosto de 2012
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