Santuário de Fátima Masuma
Em redor do fogo há uma voz que leva
a morugem a perder-se na pastagem da Primavera. Sobre as camélias,
sob o capuz alto e por cima de cascos vermelhos o homem com metade do
rosto mordido por estrelas montava brando. Um rio a rasgar-lhe o
peito com os pensamentos incessantes dos povos, no lugar do coração
a pedra verde de todas as pedras palpitava, e o sangue regava a
vegetação e as papoilas e os lírios e os cravos erguiam-se do topo
das suas pequenas torres e minaretes para gritar ao vento: «nada
acaba, para que tudo comece, e por isso os astros devoram e têm
fome» Mas ao longe, sobre os ombros egípcios de uma menina despida,
cai a Lua Nova e ele vê, ela ergue uma pequena pena ornada desse um só olho que a observa contra a luz das quedas-de-água e o homem sobe, galopando o céu nocturno para romper o azul, regar o inferno e levar a justiça à boca dos
cães selvagens. E um dia, sem autor algum, arderá a esperança e a
lembrança no pó das luas negras.
André Consciência