sexta-feira, 29 de junho de 2012

Rotura de Águas





Havia um terraço, amplo, e a sua vista larga, e a minha vista larga e ampla.
Havia um terraço. O Sol batia. O Terraço, a grande liberdade. Era o teu corpo
No nosso corpo. E o Sol, resplandecente, batia, e apertava-nos e embalava-nos
Num sufoco amarelo, e dourado, e num sufoco envenenado. Eu ficava todo penas
Se te tocava, todo asa, tu toda voo. Imaginávamos por isso saltar os limites
Do Terraço, e fazer do mundo o nosso terraço.

E depois do primeiro pôr do Sol, não voltei a ver-te
O nascer do Sol era uma consequência sem causa
As asas feriam-me o corpo, não paravam de crescer
Em tantos lugares, as asas, arrastavam-me pelo chão,
Nos lugares do vento, contra mulheres despidas e homens
Desarmados.

André Consciência

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