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O espectáculo acabou, as cortinas fecharam-se e agora ninguém nos escuta quando rimos sozinhos. Nunca contei a ninguém se ela se tranca, se ela fica trancada na casa de banho a dar-se prazer, se me fecha no exterior. A multidão na rua caminha devagar embora esteja a chover torrencialmente. Eu estou parado e as pingas não me tocam. A multidão na rua é toda de amantes, agarram-se na chuva a tentar prender tudo aquilo que nunca será deles. Ouvi dizer que está frio. Deve ser devido a estas e a outras coisas. Não há nada para ver aqui, as cortinas cerradas. Tudo o que está fresco já passou de prazo. Os seus gemidos na casa de banho dizem que sou um mau rapaz. Os amantes apertam a dor, não vá tudo o resto escapar. E ninguém percebeu a felicidade. Lembram-se dela ao jeito de anedota, se ninguém os vê, e riem-se em sussurro.
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