Há uma palavra
Retida
Na geada:
Um sino de gelo
Uma flor de fogo
Que se debruça
No teu rosto.
No meu
Aqueles anos todos
Despenhados contra ti
E alguém,
Que se levanta do teu sono
Dos precipícios dobrados
E azulados,
A tua mão a esbranquiçar
Curvada nos meus pulsos;
A barra destruída
Da barragem
A lebre trémula
Pelo cio
A luz
Das cortinas
Delineadas no teu peito
A raiva
Pujante dos quadris
Febre.
Sorvo Soma
Fico a amar-te
As aranhas-coração
Nidificam nas nossas fendas
Os mundos multiplicam-se
Sorvo soma
O licor da tua boca
O verão salgado
A maresia final
E eterna
Em chamas.
Depois o teu nome
A manhã nos portões
As cidades além-mar
E a palavra na geada
Continua a ressoar.
André Consciência