sábado, 16 de agosto de 2014
A Vastidão
I
Ela caminha sobre uma inclinada encosta de arroz negro, os pés são muito brancos e felinos sobre as dunas. A pele dos braços com uma suave pelugem, as pernas entrecortadas pela saia longa de tecido fino, o leite do largo rosto proeminente. Com as sobrancelhas vermelhas fita o horizonte e não existe ninguém. O Sol é uma Lua e uma ave azul canta através do gelo cristalizado na ferida encarnada de uma bala, encostada aos ângulos mortos.
II
As árvores haviam crescido há muito. A ave azul era um rapaz. Uma estrela caiu para o seu cabelo. Ela prende-a no dedo e depois sopra como se sopra um beijo. O pirilampo esvoaça, apaga-se, e a ave azul partiu. Fita o horizonte e não existe ninguém. O topo das árvores ainda dança com os astros. O céu fica a deslizar para sempre, a noite a cair, os rios a morrer.
André Consciência
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