segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Exílio




A hora do Sol em pó sobre as relvas macias
A noite a introduzir-se nos arbustos
No monte branco centelhas de escuridão
Uivam cães ao crescente, uma corneta afiada
Marcial, no vale como pétalas azuis que caem -

O rapaz de rosto a terra e sangue
Preenchia o espaço turbilhonante da insónia
Em que o seu corpo se desponderaliza e rola por abismos
Selvagens.

Até tu, daqui to digo, até tu partiste
Para a Alemanha.

E não ficaste,
Abandonaste estas correntes com patas de centopeia
E espigões

Sh. Onde a minha casa não tem jardins o som desfaz-se.
Estrelas viscosas lambem os joelhos do rapaz,
Desse animal de vidro a apertar as ameijoas dos olhos
Com tanta força.

Deixemos agora de falar e que o relógio não domine
Sh, e inventa o Sol, resiste, vai beber nos lírios
Uma luz incerta vai pelo ar e sacode a angústia
Vês?


André Consciência

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