terça-feira, 17 de julho de 2012

Último Dia




A vida, com os seus comprimentos e pináculos, elevando-se sobre as pequenas grandes coisas. Quebramos correntes, destruímos a maldade e com ela a cor do olhar, o eixo das mãos fraternas, o amor intermitente da paixão intemporal, zangamo-nos com a perda, a traição, o afastamento, ficamos mais atentos e mais apáticos, tudo se torna cada vez mais gigante mas já não nos assustaria o maior gigante. Olha, como trilhamos o pó, como navegamos na espuma dos nossos sonhos à semelhança da brancura fugaz sobre as ondas. Hoje é o último dia, o vento sopra igual sobre o dourado do campo e o vermelho das folhas, a água sussurra nitidamente como quando eu era ainda um pequeno mago de ouvidos limpos. Mas olha, tudo o que eu fiz brilha. No último dia fica a gratidão e uma enorme saudade. Porque aqueles que se partilham nunca se zangam, o que se zanga é outra coisa, uma coisa que nunca venceu a vida mas que só a morte pode derrotar. É o último dia. Por favor. Seja o último dia.



André Consciência

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