Procession of Spores - Martin Madsen
VI
Plantas aquáticas deitam a dormir luz escorregadia
Túneis de áspera rocha inclinam-se, sem fim,
Com a suavidade do pescoço das bailarinas,
Todas as portas pesadas dão para penhascos
De parede, salpicados de grutas, anémonas,
Protuberâncias.
Não podes cair, suspenso na água
E transparente.
VII
A moreia estremece e morre
Vagarosa pela água
Os seus dentes de agulha
Ondeando na corrente.
Passa, sobre o jardim
Um galeão afundado
Um palácio de cúpulas
Sem cobertura.
VIII
No palácio bóiam uniformes,
Cores de jóia, membranas e dedos,
Pele que encarquilhou.
O musgo marinho interessa-se
Por todas as curiosidades,
De si saem cortesãos sumptuosamente
Vestidos, salões de audiências,
E um inchado Peixes-Rei
Que ao pronunciar-se
De respiração saliente
Com dificuldade olha.
A bela adormecida no topo
Tem que nenhum fidalgo
A possa despertar.
IX
A princesa jaz perpendicular
Num fofo leito de musgo
As pérolas parecem olhos
O jade lembra a pele
As algas trepadeiras, dedos.
Acotovelam-se cortesãos.
X
Farrapos de pé, mastros
Flutuando na corrente
Penumbras repentinas
Ostras amontoadas
Por aranhas-do-mar
Paredes derrubadas
Pelas linhas do barco.
XI
Os jardins submarinos têm portões de ferro
Que não aceitam ferrugem,
As árvores nascem peixes coloridos
Em vez de pássaros.
A pouco e pouco, jardim-floresta,
Rugido repetido e à escuta,
Do peixe-leão,
Vivendas de vulgar aspecto
Fazem-se rodear por arco-íris.
Entre arbustos, um gato.
Horned Wolf
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E entre as cinzas deixadas pelas estórias que passaram, um Poeta :)*
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