domingo, 6 de janeiro de 2013
Encontrava-me em terra quando começou o fogo
Os primeiros homens do dilúvio olhavam
Os juncos, as estevas e a areia em forma
De vagas, a chuva bate na terra e sobe
Como uma bruma.
Cada um vira o céu partir-se
Aos bocados, e um pedaço
Quebrar-se neles.
A chuva cessara, apenas o paraíso
Pingava, e a Lua, em quarto
Crescente repetia a sua imagem
Num milhão de gotinhas.
Um alcaravão lançou o seu pio
Lamentoso, mas já nenhum pedaço de céu
Caiu.
Os juncos estavam escuros
Os fetos pálidos
As dunas vermelho-amarelado
Mas um Atlântico de prata cinzelada
Via a estrela do Sol suplantada.
Um dos homens chegou-se à frente
E comprou o oceano.
Sentou-se ao Sol, no limiar
Acabou de chorar e banhou a face.
Juntou pequenas conchas
A mostrar à mulher
Trémula como uma estrela
O ar, a luz, o vento.
André Consciência
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