sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Amado




No meu quarto vejo quartos
Com música, a cortina
Fica clara com o dia
Mais escura com a noite,
E o mundo lá fora
É isso no fundo.

De vez em quando estás
Em quartos, sozinha
A olhar as coisas de sempre
Só ai é que o meu corpo dói
Como se tivesse sido amputado.

Há vezes que estamos no mesmo quarto
Sem nos vermos e a pensarmos
Um no outro.

Há vezes em que estamos no mesmo quarto
A ver-nos, e ai não cortinas
São varandas com vista.

O mar está quieto, e há electricidade.


André Consciência

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